terça-feira, 30 de junho de 2009

Uma pausa para o chá.

I.: Me diga coelho, o que vale mais? Eu me sentindo feliz em minha realidade? Ou eu infeliz na realidade alheia?
C.: Depende menina, a sua realidade está muito além da vivida pela massa?
I.: E como saber qual é a realidade da massa? Eu não consigo enchergar com os olhos dos outros, pensar com a mente dos outros e sentir com a alma dos outros, eu só sei a minha e o que me dizem e quando me dizem, as pessoas tem medo, acham que sou louca.
C.: E isso é um concenso?
I.: Creio que sim, as diferenças estão em quem julga isso bom e em quem acha ruim.
C.: Você deve estar longe então...
I.: Eu quase consigo lembrar o momento em que isso se consolidou para mim, quando escolhi ser louca e feliz, mas há quem diga que eu sempre fui assim, será que eu era e não me dava conta antes? Ou será que eu só tinha um outro tipo de loucura? Enfim, isso não importa, não gosto de pensar nisso.
C.: Eu tenho notado que algumas vezes você tem se enquadrado mais...
I.: Talvez eu tenha decidido amadurecer.
C.: Sem escorregões? Duvido...
I.: O frio na barriga de um escorregão é uma das coisas mais prazerosas que eu pratico.
C.: Você é louca.

sábado, 27 de junho de 2009

As energias opostas.

Shad era um anjo, sedutor, misterioso, inteligente e incrivelmente manipulador, anjo negro. Forte, carinhoso, compreensivo e cativante era o anjo guerreiro: Tanph.
Tanph e Shad travavam luta há muitos séculos através do tempo e do espaço, e há algum período curto, diante da eternidade de suas energias, Shad estava se dando bem... mas deixou falha, e Tanph conseguiu reunir forças para encontrar novamente a sua segunda parte que há algum tempo tinha sido brutalmente arrancada de si e o tinha transformado em dois.
Shad não era bobo, não poderia deixar seu inimigo se recuperar...
Eram tempos festivos na cidadezinha de Iiéli, ínicio de semestre letivo, e as ruas estavam cheias de pessoas comemorando o reencontro com seus colegas. Mais uma vez Ana estava na casa dos pais, e ela, Iiéli estava aproveitando para fazer o que mais gostava, conhecer pessoas novas e beber com os amigos. Nenhum atrito aconteceu entre as amigas por causa do ocorrido naquele domingo no Boo, a relação delas estava acima de qualquer coisa e elas já tinham aprendido isso há muito tempo.
Muito tempo tinha se passado desde aquilo também, Ana estava namorando com uma antiga paixão de infância, o que a fazia ir mais vezes para sua cidade natal, e Iiéli ficava sozinha pelo menos dois fins de semanas por mês, sem falar nos feriados.
Era uma quinta-feira quente e Iiéli tinha reencontrado uma amiga de escola que não via há muito tempo, as duas fofocavam empolgadíssimas o que tinha acontecido com uma e com outra desde que não se viam, porém, derrepente, algo ditraiu a atenção de Iiéli, havia um menino há alguns metros e ele era tão familiar... ela teve que deixar a amiga e ir até ele, mas quando ela chegou perto algo errado aconteceu...
I.: Oi, quanto tempo, você está bem?, comprimentou com entusiasmo, mas logo se arrependeu, não entendendo bem o porquê.
F.: Claro que sim! E você? Que bom que eu te encontrei guria, vamos sair?, respondeu Felipe, Iiéli não sabia, mas ele sim, e ele não era assim, mas tudo bem, ele se sentiu tão bem ao vê-la que essa reação não poderia ser mais normal.
I.: Vamos... Mas depois, eu estou ali com umas amigas, depois você me chama está bem?
E se afastou, ela não tinha se sentido confortável com aquilo e não ligava para o porquê, só sabia que definitivamente não queria sair com aquele garoto e iria dar um jeito de isso não acontecer.
Se despediu da amiga e ficou escondidinha com um amigo, sentada na carroceria do carro dele. Derrepente seu celular começou a tocar, ela não atendeu, passaram alguns minutos e tocou denovo, era Felipe, ela não sabia, mas ele sabia que ele não fazia isso... Na terceira vez ela atendeu, pediu para ele esperar mais um pouco, ele concordou.
Estava tão confortável ali com os seus amigos...
Shad e Tanph eram energias que rondavam o corpo de Iiéli desde que ela tinha nascido, poucas vezes Tanph tinha sido o mais forte, pois não estava inteiro, e Shad tinha mais facilidade de influenciar os pensamentos da menina, além disso, era um ótimo meio para enfraquecer Tanph, baseado no amor que a energia irradiava para ela e que fazia com que mesmo podendo, não a abandonasse.
Shad não iria permitir mais um contato de Tanph com sua segunda parte novamente, e em tão pouco tempo. Estava disposto a manipular os sentimentos dela a cada vez que ela tivesse contato com a luz da outra parte de Tanph, e pelo visto estava dando certo, ela podia sentir o mesmo asco que ele sentia quando via Tanph por inteiro, e isso era perfeito pensava Shad, "perfeito".

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O contato.

Iiéli estava ansiosa pela chegada de sua quase irmã, Ana. Esperava-a no ponto em que tinham combinado, mas o ônibus parecia estar muito atrasado, mal podia esperar para abraça-la, ouvir as novidades do feriado, e saber se ela tinha falado com aquele menino...
Derrepente o seu celular toca, era Ana, estava na porta de casa, mas não tinha encontrado a chave. Iiéli entrou no carro e partiu para lá.
I.: Eu estava te esperando, o que aconteceu?
A.: O ônibus parou em outro lugar! Eu não pensei que você ia ir me esperar, me desculpe, mas eu vim de carona com os meninos...
I.: Tudo bem, e aí?! Como foi lá? Está muito cansada? Vamos sair?
A.: Foi normal, fiquei em casa com a mãe, sai todos os dias e conversei com o Marcos, terminamos.
I.: Aaaai, que ruim, e você está bem?
A.: Acho que sim, não estava dando mais, e além disso, eu peguei o telefone daquele menino que eu vi no ônibus se lembra? O nome dele é Felipe e ele me mandou uma mensagem olha, diz que só vai no Boo hoje se eu ficar com ele!
I.: Sérioo? Que legal, e nós vamos né?! Já respondeu pra ele?
A.: Claro! Vamos nos arrumar, porque antes eu já disse pros meninos que você vai ir jantar na casa deles, e não tem de não!
I.: Não vou nem comentar...
Então as amigas se prepararam para noite de domingo, as duas tinham aula no outro dia, mas diversão definitivamente vinha em primeiro lugar. Iiéli se lembrava muito bem quem era o menino do ônibus, e o nome dele era Felipe, mas ela não entendia porque deveria se preocupar com ele, até porque estava muito feliz de que sua amiga fosse ficar com quem ela queria.
Foram para a casa de uns amigos da Ana e de lá para o Boo, uma boatezinha confortável no centro da cidade. Entraram, compraram as bebidas e não demorou muito para o Felipe os encontrar, o clima estava muito alegre e as meninas mais ainda, mas no decorrer da noite alguma coisa não estava certa.
A.: Iiéli por que ele não chega em mim?
As meninas tinham ido ao banheiro conversar.
I.: Não sei! Ele é meio estranho né?! Tenta dançar encarando ele, chega mais perto, não sei.
A.: Tu sabe que eu não consigo fazer isso, eu não sou você!
I.: Ai, mas se concentra, vale a pena não vale?
A.: Acho que não, além disso ele está conversando bastante com você até...
I.: Sim, mas eu já falei pra ele conversar mais contigo, e ele só ri, eu não sei mais o que eu faço...
A.: Vamos fazer assim, a gente chega lá e quando ele for falar contigo tu sai.
I.: Quantas vezes for necessário, vamos lá.
E assim aconteceu, as meninas voltaram para o meio da pista, e Felipe virou-se para Iiéli, ela pediu licença e foi comprar mais bebidas decidida. Porém quando estava chegando perto do balcão percebeu que Felipe estava atrás dela, também tinha ido comprar bebidas.
I.: Olha quem apareceu!
F.: Vim pegar mais, me espera?
I.: Claro.
Iiéli falou com o barman, pegou dois drinks e esperou, Felipe pegou mais um e se virou, apartir daí as coisas aconteceram tão automaticamente que ela não teve nem tempo de pensar, ou reagir. Ele se virou, ela sorriu, ele se aproximou, ela foi se virar, mas haviam tantas pessoas, e ele foi chegando até ela como se uma corda invisível os prendesse tão forte que era impossível se mexer e como se isso laçasse o encontro ele a beijou.

domingo, 21 de junho de 2009

O começo.

Fazia frio no hemisfério sul, naquela aconchegante tarde de Sol, o vento gelado, cortante, se mesclava com o calor dos raios solares e essa com certeza era uma das sençações mais prazerosas para Iiéli. Sua melhor amiga Ana iria viajar para casa dos pais nesse feriado, por isso, ela estava de pé tão cedo, com a cara amassada, mas disposta, estavam tomando o café da manhã, e combinando o que fariam assim que estivessem juntas novamente:
A.: Vou comprar umas tequilas pra gente...
I.: Compre várias, meus colegas não são muito chegados em destilados, e nesse fim de semana pelo visto vou ter intoxicação de cerveja, uma agressão à minha barriga!
A.: Cala a boca, você nem tem barriga.
I.: Eu que sei, e você está atrasada, vamos levar aquelas malas para o carro de uma vez.
As duas desceram do apartamento em que moravam no quarto andar de um prédio bonitinho, no centro de uma cidadezinha serrana, cheia de morros e verdes, onde as duas estudavam desde que tinham terminado o Segundo Grau. Ana ia para a casa dos pais sempre que podia, Iiéli evitava os pais sempre que podia, dirigiu até a rodoviária, para levar a amiga até o ônibus que partia em excursão para a cidade dela, os outros passageiros, assim como elas, também eram estudantes, o que fazia aquilo parecer mais uma festa do que uma simples viagem para casa.
A.: Você TEM que ir lá pra casa no próximo feriado, a gente vai fazer muita festa, eu não acredito que você nunca vai! Iiéli ! Não olha agora, tem um menino lindo ali do lado do ônibus, ele é perfeito! Como que eu nunca vi ele antes?!
I.: Quem? Aquele fumando ali? Afff
A.: É! Vamos entrar no ônibus, pra eu poder vê-lo mais de perto.
Após entregarem as malas para o motorista, as amigas subiram no ônibus, Ana demorando o máximo que pode, para tentar chamar a atenção do garoto que fumava. Escolheram um lugar e ficaram se despedindo, as duas eram como irmãs desde sempre, e se enchiam de conselhos toda vez que se separavam...
A.: Não fica sozinha em casa, eu vou ligar para os teus amigos pra saber se você está com eles, e Iiéli por favor não se envolve com meninos estranhos novamente.
I.: Do que você está falando? No máximo vou chamar aquele vizinho para uma festinha particular lá em casa.
A.: Haha, você não presta, agora sai! Lá vem ele, tomara que ele sente do meu lado!
Iiéli deu um beijo na amiga e se levantou rindo, para sair do ônibus enquanto o garoto que já tinha terminado o cigarro entrava, segurando um copo na mão e um maço de cigarros na outra. Ela não era o tipo de pessoa que estava em suas completas condições em termos de equilíbrio, e olhando de perto agora, realmente, aquele menino era lindo... Os dois se bateram um contra o outro, o espaço era pouco, também não ajudava, eles se olharam nos olhos, e ela pediu desculpas, ele só riu, e seguiu andando.
Nenhum dos dois sabia, mas podia sentir, o rosa das suas energias tinha sido ativado nesse momento, eles tinham se encontrado depois de tanto tempo, que já não se reconheciam mais. Mas aquela luz dos olhos já não ia mais se separar, foi o suficiente pra recomeçarem os laços, tudo de novo, e dessa vez, para sempre.